EIXO TEMÁTICO PALAVRAS PROÍBIDAS

Apresentação Palavras Proíbidas
Artigo: Estatísticas referentes ao Eixo Temático "O poder e a fala na cena paulista"


 

ESTATÍSTICAS REFERENTES AO EIXO TEMÁTICO “O PODER E A FALA NA CENA PAULISTA”:

Os 10 Assuntos mais vetados pela Censura Paulista (1927-1968)

De um total de 580 cortes, os campeões de vetos pela censura foram os temas que versam sobre o “ato sexual” em si. Eles correspondem a um total de 70 cortes, ou seja, 12% dos cortes gerais e 20% dos cortes no campo da moral. Aqui, foram considerados cortes como os presentes, por exemplo, na peça Anastácio chegou de viagem, onde o censor cortou a palavra “rosetá” porque um dos seus significados possíveis é justamente o de manter relações sexuais.

O “uso de vocabulário impróprio” é o segundo assunto com maior incidência de cortes. Os palavrões e a linguagem chula foram cortados em 44 intervenções de censores – o correspondente a aproximadamente 8% dos cortes gerais e 13% dos inseridos dentro do campo da moral. Essa ação pode ser exemplificada pelos cortes realizados na peça Navalha na Carne, na qual os personagens, pertencentes a uma classe marginal, fazem uso constante de uma linguagem obscena e, por isso, há a incidência de nove cortes nesse sentido, cinco deles referentes à palavra “porra”.

O “adultério” é o terceiro tema mais vetado. Ele corresponde a 6% dos cortes gerais e a 10% dos cortes morais, num total de 33 intervenções. Ainda dentro desta categoria, podemos notar que há uma incidência de cortes muito maior sobre o adultério feminino. Enquanto este corresponde a 21 intervenções (4% dos cortes gerais e 6% dos morais), o adultério masculino possui 12 (2% dos gerais e 3% dos morais).

Com números empatados com os do adultério, a “homossexualidade” também foi um tema bastante vetado. Os cortes aos temas homossexuais continham uma particularidade interessante: ele só era vetado quando o tema era tratado de forma diferente ao aceito na época: como vício ou doença a serem saneados.

Vetos dirigidos ao “corpo” representam o quarto assunto mais censurado dentro de nosso corpus. As 29 intervenções correspondem a 5% dos cortes gerais e a 8,5% dos cortes morais. Enquanto apenas 6 destas intervenções são direcionadas para partes do corpo em geral, 23 delas são destinadas especificamente para os órgãos sexuais, o que corresponde a 4% do total de cortes e a 6,7% dos cortes morais.

Em seguida a este, o próximo tema mais censurado é o da “não virgindade”. Com um total de 27 intervenções, isto corresponde a 4,6% dos cortes gerais e 8% dos morais. Em Maridos de Hoje, por exemplo, parte do enredo se estrutura sobre a suspeita de que uma das personagens teria se relacionado com seu pretendente antes do casamento. A proibição está presente já na própria forma de abordagem do tema pelos personagens, que utilizam diversos eufemismos para suavizar sua comunicação com o público da década de 20.

Podemos perceber com esses dados que os cinco primeiros assuntos mais comumente censurados figuravam entre os temas morais. Em conjunto, eles correspondem a aproximadamente 40% dos cortes totais.

O próximo assunto mais vetado, o primeiro não relacionado a temas morais, diz respeito a “práticas revolucionárias”, em um total de 25 cortes. Eles correspondem a 4,31% dos cortes gerais e a 18,52% dos cortes do campo político.

Com a mesma quantidade de vetos encontrados nas práticas revolucionárias, os comentários relativos ao trabalho governamental também recebiam atenção especial por parte dos censores. Críticas gerais sobre o governo e sobre as autoridades políticas, problemas de corrupção e de justiça, crítica às más condições sociais e à dívida externa e referências a empresas públicas contabilizaram 25 intervenções (4,3% do total de cortes e 18,5% dos cortes políticos).

O sétimo assunto mais censurado relaciona-se a temas que interessavam à família de um modo geral. São, ao todo, 23 intervenções, aproximadamente 4% do total. Doze dessas intervenções versaram exclusivamente sobre o casamento, 8 sobre a maternidade, 2 sobre o divórcio  e 1 sobre um namoro às escondidas. As proibições ligadas ao núcleo familiar indicam uma ênfase censória em assuntos cotidianos e basilares do comportamento moral e sexual da população. Veja o gráfico.

A imagem da autoridade militar e policial aparece em nosso corpus como a oitava maior preocupação da censura, com 22 intervenções (3,8% do total de cortes). A proteção a nomes próprios e a marcas conhecidas figura como a nona maior preocupação censória dentro de nosso corpus, com 20 intervenções (3,45% do total de cortes). A primeira, com 12 intervenções, corresponde a 2% dos cortes totais e a segunda contribui com 1,4% deles.

Por fim, a décima maior preocupação consiste na proteção a símbolos religiosos. São, ao todo, 16 intervenções, aproximadamente 2,76% do total de cortes. Essa preocupação se estende também a outras facetas da religião. A crítica à autoridade eclesiástica, principalmente dos padres, foi motivo de corte em 8 intervenções e a crítica aos aspectos negativos da religião foram cortados em 6 ocasiões.

O gráfico mostra a distribuição dos dez assuntos mais vetados pela censura, no âmbito de nosso corpus de pesquisa.

 

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Números de Vetos nos campos da Moral, Política, Religião e Sociedade

Os 10 Assuntos mais vetados pela Censura Paulista (1927-1968)

Outros Assuntos vetados pela Censura Paulista (1927-1968)

 

 

 

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